Bogotá é a cidade que possui o Transmilênio (malha de ônibus que revolucionou o transporte público), mas não tem balança para pesar os legumes no mercado: o vendedor chuta um preço para a quantidade que você escolheu. É uma cidade de contrastes. Contrastes que eu senti na pele.
Pedalando pela carrera septima, uma espécie de avenida Paulista de Bogotá, fui fechada por uma moto, me desequilibrei e dei com a roda dianteira no retrovisor de um carro. Desci imediatamente da bicicleta para me desculpar. O motorista também se apressou em sair do carro para ter certeza de que eu estava bem. Prometi que pagaria pelo conserto. “Tranquila”, me respondeu ele sorrindo enquanto o semáforo abria e dezenas de carros nervosos esperavam que ele voltasse logo ao seu lugar de motorista. Desentortou o espelhinho e seguiu viagem.
Na pedalada de volta para casa, passei por uma avenida em obras, com um caminho BEM estreito para caminhar. Como não quis atrapalhar os pedestres, desci e empurrei a bike. Cinco bogotenhos fizeram carra de espanto e gritaram num castelhano desesperado o que identifiquei como “CORRE”. Olhei para trás e vi dois homens, um com um pedaço de pau, vindo na minha direção. Subi na bicicleta e arregacei de pedalar para fugir deles. É bem comum golpearem ciclistas na cabeça para roubarem suas bicicletas por aqui, me contou um guarda que abordei umas cinco quadras depois. Ele me ajudou a encontrar um caminho mais seguro e parou o trânsito para que eu pudesse atravessar a avenida.
A cordialidade e o perigo disputam caminho por aqui. Passei a só pedalar à luz do sol.
Prezada Natalia Garcia, acabei de ler seu artigo na revista VO2, achei muito oportuno, nasci em Bogotá e moro em Curitiba desde 1984, já existiam as ciclofaixas nessa epoca, onde pedalava com meus amigos até 100km no domingo. Parabens pelo artigo. Somente uma correção, quem nasce em Bogotá é BOGOTANO/A (não existe “bogotenho”).
Caro Julián, que bom que gostou da reportagem! Realmente a infra de bogotá para ciclistas é impressionante. Eu adorei conhecer a cidade! E obrigada pela correção.
um grande abraço!